Site de vaquinha online aprova vibrador unissex; por que isso é relevante?
Elon Musk, dono das empresas Tesla e SpaceX, disse na TV, no ano passado, que ocasionalmente dormia em um sofá desconfortável. Foi o bastante para que 591 usuários comovidos resolvessem doar um pouco de seu suado dinheiro para o conforto do bilionário. Se Musk precisasse de algo mais… caliente, as coisas seriam bem mais difíceis.
Isso porque juntar dinheiro em torno de sextoys é complicado. O Kickstarter, maior site do planeta em crowdfunding (vaquinha online, em português direto), raramente permite brinquedos eróticos em sua plataforma. Fundado em 2009, ele só permitiu seu primeiro vibrador em 2016 e de lá pra cá foram pouquíssimas adições na categoria. Mesmo assim, a startup Cute Little Fuckers conseguiu passar pelo crivo do Kickstarter e coletar grana para fabricar sextoys unissex.
O fundador da empresa de sextech, Step Tranovich, é "gender fluid" (não se identifica nem só como homem nem só como mulher), e sua experiência pessoal influenciou completamente o produto.
"É bobagem atrelar a venda de produtos a gêneros", contou Tranovich ao Sexting. "Como uma pessoa não-binária, eu quero que haja um diálogo entre os brinquedos e as experiências da minha comunidade", completa.
Esse foco específico e inclusivo, aliás, pode ser o motivo do raro sim dado pelo Kickstarter. "Esses brinquedos são explicitamente inclusivos. Eles são pensados para pessoas que nunca conseguiram usar um sextoy antes, e para quem está empolgado em explorar sua sexualidade", afirma Tranovich.
Mas como se faz um vibrador unissex? A empresa desenhou os brinquedos para responderem a diversas anatomias. "Nenhum dos nossos vibradores é feito para uma parte específica do corpo", conta o fundador.
O primeiro sextoy da marca, chamado de Puppypus (imagem acima, na abertura deste post), é um bom exemplo. Ele pode ser usado como plugue anal, mas também tem uma ponta que pode servir para estimular clitóris, e seus tentáculos foram projetados para encaixar ergonomicamente em pênis, podendo vibrar para aumentar o estimulo em todas essas situações.
Deu certo, ao menos financeiramente. Step esperava juntar US$ 13 mil ao longo de um mês para viabilizar o Puppypus. Bateu a meta. Em 12 horas. Dez dias depois a empresa já acumulou quase US$ 23 mil (R$ 93 mil), e ainda tem mais 27 dias de campanha pela frente. Se chegarem aos US$ 27 mil, começarão a produzir seu segundo sextoy (chamado de Trinity), com US$ 40 mil se comprometem a lançar seu terceiro brinquedo, Galh, e com US$ 54 mil prometem colocar Starsi nas prateleiras.
O Kickstarter não explica por que costuma negar campanhas envolvendo sextech. Mas a aversão a tecnologias que envolvem o sexo não é uma questão só do crowdfunding. A edição deste ano da CES, a maior feira de tecnologia do planeta, chegou a dar um prêmio para um vibrador – mas depois voltou atrás e desclassificou o sextoy da premiação.
A promessa é de que, no ano que vem, a sextech será uma categoria própria na CES. A única condição é que sejam sextoys inovadores. Brinquedinhos para ambos os gêneros como os da Cute Little Fuckers talvez apareçam com mais frequência.
A empresa pretende entregar os brinquedinhos aos apoiadores em fevereiro de 2020. E, ah, eles podem ser entregues como presentes, caso você esteja querendo dar um novo presente para Elon Musk…
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