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Sexting

Tinder do ódio: aplicativo junta pessoas que detestam as mesmas coisas

Felipe Germano

08/11/2019 04h00

Divulgação | Hater

Os Beatles que me perdoem, mas a gente precisa de muito mais que amor. Às vezes, é o ódio que nos une. Sempre foi assim. Foi o ódio aos nazistas que uniu EUA e URSS na Segunda Guerra. E é detestar a Carminha até hoje faz milhões de brasileiros conseguirem conversar. Agora, se é assim na vida, por que não seria… no Tinder?

Essa é justamente a pergunta que um aplicativo está respondendo. Chamado Hater, o app está disponível para Android e iOS  e tem um objetivo extremamente simples: transformar o ódio em amor, ao unir pessoas que detestam as mesmas coisas.

Para isso ele te faz passar por um processo simples. Depois de baixar o aplicativo, você tem duas opções: conectá-lo ao seu número de telefone ou ao seu Facebook. Após sincronizar as contas, você passa por um pequeno tutorial. Assim como no Tinder, arrastar para a esquerda significa que você não gostou (ou ODIOU, se quiser entrar no clima inflamado do app), arrastar para a direita é igual à curtir. Depois disso, começam as mudanças.

Em vez de ver perfis de pessoas, como nos outros apps de namoro, primeiro você terá que dar match com temas. Você deslizaria "Malhar" para esquerda ou para direita? E "Fazer o almoço"? Você já deve ter uma resposta pronta para "O atual governo", certo? Jogando os temas para a esquerda ou direita, rapidamente você cria uma lista de amores e ódios.

Montagem | Divulgação Hater

Depois de algumas deslizadas, o algoritmo já começa a entender quem você é e aí, finalmente, libera a opção de flertar.

É nesse momento que a programação do hate entra em jogo. Ela prioriza exibir as pessoas que detestam as mesmas coisas que você, dando destaque para afinidades odiosas. Logo ao lado do nome do crush, existe um número que mostra, em %, quão em sintonia vocês estão quando o assunto são inimigos em comum. Também fica em destaque qual é o maior de todos os ódios da pessoa (que você pode eleger na parte de configurações do perfil).

Aos que querem se aprofundar um pouco mais que isso, o app permite que você veja a lista completa de ódios e amores do talvez-futuro-mozão.

Caso você se apaixone pelo que a pessoa odeia, o aplicativo também deixa você mandar uma mensagem, mesmo que não tenha rolado o match ainda. Na prática, funciona como uma espécie de super-like, já que você só pode fazer isso com uma pessoa a cada 12 horas.

Algo que pode fazer você odiar o aplicativo, no entanto, é o fato de que ele é completamente em inglês. Mesmo assim, há uma base considerável de usuários brasileiros. Em cidades como São Paulo você não deve ter dificuldade de encontrar perfis. O app ainda permite que você sugira tópicos para pessoas dizerem se amam ou detestam. Isso por si só também já permite trazerem assuntos mais próximos dos brasileiros, como o nome de um político ou time de futebol.

Apesar de ser uma grande piada, o app tem até um quê de ciência envolvida. O criador do Hater teve a ideia após ler um estudo da University of South Florida que mostrava que quanto mais ódios parecidos, maior era o laço entre pessoas na hora de formar amizades.

É o tipo de ideia polêmica, mas se você odiar ela, olha aí que coisa boa: talvez já seja mais um tópico em comum com aquela boca bonita que você viu no app. Vai que…

Sobre o Autor

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre Comportamento Humano, Saúde, Tecnologia e Cultura Pop. Para encontrar as boas histórias que procura contar, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Trabalhou nas redações da rádio Jovem Pan, site Elástica, Revista Época e Revista Superinteressante - e agora colabora com o UOL.

Sobre o Blog

Sexo é o que há de mais antigo nesse planeta, e tecnologia nos traz o que há de mais moderno. Mesmo sem saber quem foi nosso antepassado mais antigo, dá para cravar: ele transava. Mas se engana quem acha que o sexo não mudou nada desde a primeira vez. A tecnologia evoluiu, e com ela nossos hábitos na cama (ou no chão, ou no celular...). Mas dá para juntar tudo, e divertir-se. Muito prazer, esse é o Sexting.