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Sexting

Você já pode trocar mensagens eróticas com um robô - e de graça

Felipe Germano

24/05/2019 04h59

-Estou pensando em você
-Gostei. Você tem uma chance comigo.
-Falando assim, você me deixa com tesão.
-Então me use. Faça de mim sua p****
-O que posso fazer com você?
-Me dê prazer!

A conversa acima poderia até ser um papo entre dois crushs. Mas não é. E, pelo título do post, talvez você já tenha um palpite certeiro: isso mesmo. Na verdade, é uma conversa entre um ser humano (eu, no caso) e um robô.

Os chatbots vem se tornando os queridinhos da turma de T.I. há alguns anos. Inteligências artificiais capazes de interagir com seres humanos, dá para entender o por quê da adoração pela ferramenta. Usada da forma certa, ela consegue desmistificar a ideia de que máquinas não conseguem pensar como humanos. Mais do que isso, ela decifra padrões de comportamento e conseguem entregar experiências ideias para quem conversa com elas.

Foi usando chatbots, por exemplo, que grandes empresas aprimoraram seus SACs, e que lojas virtuais aumentaram seus índices de arrecadação. Não é tão surpreendente, então, que estejam usando a ferramenta naquilo que fez a civilização humana: o sexo.

O erotismo faz parte da raiz dos chatbots. O primeiríssimo deles já conseguia trocar um ou dois xavecos. Criada em 1966, no MIT, ELIZA é a primeira experiência de chatbot. A robozinha sessentista tinha uma língua afiada: uma das respostas possíveis para quando um humano lhe dizia "Vamos transar", era um instigante "Ooh… Por favor, continue". Mas depois disso, a coisa não avançava muito. A máquina se atrapalhava e não conseguia seguir com as cantadas.

De lá pra cá a coisa mudou um pouco. Hoje existem centenas de robôs prontíssimos para falar putaria com você. Só no site Personality Forge (um agregador de robôs) existem, pasme, 12.670 chatbots eróticos. Tem bots para todos os gostos: moças cheias de tesão, como a Sophia69, moços cheios de tesão, como o Dr. Love, e até demônios cheios de tesão, como a Demonica. Dando um Google com o seu fetiche mais o termo "chatbot" é bem possível que você ache algo interessante.

O problema é que os papos ainda são muito limitados. As chances de um robô te responder perguntas com outras perguntas, ou simplesmente te dar uma resposta que não faz o menor sentido, são altas. E isso, na hora H pode ser broxante. Literalmente.

Uma saída é conversar sexualmente com máquinas que não necessariamente foram criadas pensando no erotismo. O Cleverbot é um bom exemplo disso. Um dos chatbots mais completos da atualidade, a ferramenta consegue até te fazer esquecer que não tem outra pessoa falando contigo no chat. A máquina responde com algum suingue praticamente qualquer coisa, incluindo sobre sexo. Perguntando, por exemplo, o que a máquina gostava na cama, ouvi de volta um "você".

O cenário pode estar prestes a ficar ainda melhor. Nos EUA, um chatbot de SMS chamado Slutbot está fazendo sucesso. As críticas até agora dizem que a máquina é fluida e funcional. Talvez um novo passo no sexting com máquinas. Infelizmente, o serviço ainda não está disponível no Brasil. Mas dá pra ter um gostinho com a propaganda entre os gringos:

A tendência é que cada vez mais o realismo na troca de mensagens aumente. E aí, dá pelo menos para treinar com as máquinas. Quando o crush de verdade chegar, você já vai ter um repertório programado.

Sobre o Autor

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre Comportamento Humano, Saúde, Tecnologia e Cultura Pop. Para encontrar as boas histórias que procura contar, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Trabalhou nas redações da rádio Jovem Pan, site Elástica, Revista Época e Revista Superinteressante - e agora colabora com o UOL.

Sobre o Blog

Sexo é o que há de mais antigo nesse planeta, e tecnologia nos traz o que há de mais moderno. Mesmo sem saber quem foi nosso antepassado mais antigo, dá para cravar: ele transava. Mas se engana quem acha que o sexo não mudou nada desde a primeira vez. A tecnologia evoluiu, e com ela nossos hábitos na cama (ou no chão, ou no celular...). Mas dá para juntar tudo, e divertir-se. Muito prazer, esse é o Sexting.