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Do nude ao sexo: quem envia mensagem erótica quer transar ou não?

Felipe Germano

27/12/2019 04h00

Annie Spratt/ Unsplash

Mandar nudes e mensagens calientes pode ser facilmente visto como uma improvisada na vida sexual. Algo na linha "queria muito transar, mas fulaninhx não está aqui, então vamos tirar uma casquinha pelo WhatsApp mesmo". Faz sentido. Mas não é verdade.

Um novo estudo da Texas Tech University mostrou que a maioria das vezes em que as pessoas trocam textinhos e imagens picantes, não existe uma vontade efetiva de transar – pelo menos de uma das partes.

Para chegar a esta conclusão, os cientista texanos conversaram com 160 pessoas cujas idades variavam entre 18 e 69 anos. Todos estavam em relacionamentos fixos e responderam perguntas sobre quais eram as motivações que os levavam a fazer sexo e especificamente, mandar mensagens eróticas.

"Fizemos uma análise estatística chamada análise de classe latente (LCA, na sigla em inglês). O que a LCA faz é determinar se há grupos nos dados apresentados", conta ao Sexting Joseph Currin, responsável pelo estudo. "Descobrimos que haviam três tipos de perfis de pessoas que mandam mensagens eróticas", completa.

Eis que dois desses perfis não envolvem o desejo de transar propriamente dito.

Uma das motivações era puramente para manter a boa vizinhança. Dentre os respondentes, 54 pessoas acabaram cravando que trocam mensagens adultas só para reafirmar a relação com o parceiro. Ou seja, pessoas que não estão com vontade de transar, mas que resolvem mandar aquele nude só para ver se o outro pombinho continua interessado, para diminuir ansiedades e neuras da relação.

Outros 48 participantes passavam ainda mais longe da libido: essa parte dos respondentes disse que manda e responde nudes como uma espécie de favor – que será cobrado. Os participantes afirmaram que, em troca do sexting, depois esperam colher frutos não-sexuais, como um jantar romântico naquele restaurante.

Só a parte restante dos entrevistados, composta por 58 pessoas, que focou na parte mais lasciva da coisa. Esses falaram que encaram as mensagens eróticas como uma espécie de preliminar. Algo que será seguido depois pelo tradicional sexo offline mesmo.

Na prática, ⅔ dos interessados não tinham um desejo sexual por trás da nude.

"Ficamos surpresos que os grupos descobertos tinham basicamente o mesmo tamanho. Estávamos imaginando que algum dos grupos se destacaria, mas não foi o que aconteceu", conta Currin.

Em 2014, outro estudo (feito pela Universidade de Ohio em parceria com a também americana Purdue University Fort Wayne) apontou que metade das pessoas que faziam sexting não estavam afim de mandar aquelas mensagens. Agora, a nova pesquisa traz mais detalhes para a discussão.

"Isso talvez esteja mostrando que algumas pessoas fazem sexting, mas prefeririam não não fazer", afirmou Kassidy Cox, pesquisadora envolvida no projeto, em um comunicado. "Essas fazem isso como um meio de ganhar confiança no relacionamento, diminuir a ansiedade ou conseguir algum retorno palpável (e não sexual)", completa.

Sobre o Autor

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre Comportamento Humano, Saúde, Tecnologia e Cultura Pop. Para encontrar as boas histórias que procura contar, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Trabalhou nas redações da rádio Jovem Pan, site Elástica, Revista Época e Revista Superinteressante - e agora colabora com o UOL.

Sobre o Blog

Sexo é o que há de mais antigo nesse planeta, e tecnologia nos traz o que há de mais moderno. Mesmo sem saber quem foi nosso antepassado mais antigo, dá para cravar: ele transava. Mas se engana quem acha que o sexo não mudou nada desde a primeira vez. A tecnologia evoluiu, e com ela nossos hábitos na cama (ou no chão, ou no celular...). Mas dá para juntar tudo, e divertir-se. Muito prazer, esse é o Sexting.