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Sexting

Vai rolar: com tesão e ciência, sexo no espaço caminha para virar realidade

Felipe Germano

04/06/2020 04h00

1979, menos de cinco anos depois do fim da corrida espacial, é possível ver roupas flutuando pela base espacial. No centro do cenário, no entanto, está uma astronauta americana e seu colega britânico, ali, cobertos apenas por um lençol. Eles se beijam e a ausência de gravidade faz com que flutuem nus, com o espaço de fundo. A câmera, então, foca no rosto do rapaz. E é ninguém menos que… Bond. James Bond. O diretor grita "corta", e então é possível ver as cordas que sustentavam os atores no espaço. O fundo era pintado. Tudo mentira… mas poderia ser verdade?

Neste último sábado (30), o bilionário Elon Musk deu seu primeiro passo na sua jornada espacial: transformou sua empresa, SpaceX, na primeira companhia privada a mandar pessoas ao espaço. Brilhante – mas para ele, só o começo. O sul-africano jura que vai colonizar Marte até o final da década. Muito legal, mas a não ser que ele queira levar apenas celibatos para o espaço, Musk terá que fazer funcionar algo que ainda é um tanto que misterioso: o sexo no espaço.

Jornada nas Estrelas

A Nasa jura que o espaço segue virgem. De acordo com a agência, pessoas nunca transaram entre as estrelas tal qual 007. E qualquer afirmação que vá contra isso hoje é simplesmente especulação. Mas, sinceramente, dá para acreditar. O ambiente espacial não é exatamente libidinoso. Fazer sexo em gravidade zero seria uma baita experiência? Sem dúvida. Uma baita experiência complexa, planejada e um tanto cansativa, no entanto.

Em um vídeo do National Geographic, o divulgador científico Neil deGrasse Tyson explicou como seria o rala-e-rola espacial. Resumindo um pouco, o ato consistiria no casal amarrado com cordas ou velcro para que os movimentos não machucassem ninguém – e não fizessem cada um voar para um lado na hora da transa.

A ausência das transas, no entanto, não significa ausência de sexualidade. A gente sabe, principalmente em tempos de quarentena, que estar sozinho não impede ninguém de gozar.

A masturbação pode ser uma ferramenta valiosa para os astronautas – e a própria Nasa sabe disso.

Prova disso é um estudo de 2014 encontrado pela Vice. Escrito por Marjorie Jenkins, especialista em saúde sexual e consultora da Nasa, a pesquisa crava que ejacular é essencial para que astronautas que portem um pênis se mantenham livres de bactérias infecciosas que crescem na próstata.

Em outras palavras, se aliviar não é exatamente proibido.

O russo Valeri Polyakov que o diga. O cosmonauta mantém o recorde de pessoa que ficou mais tempo fora da Terra: 437 dias e 18 horas flutuando por ali. "Não é segredo pra ninguém que eu estava ansiando [ o sexo]", afirmou. "O serviço de apoio psicológico mandou para gente alguns bons filmes, que me ajudaram a recuperar nossa força de vontade e agir como um homem adulto normal. Não há nada para se envergonhar", completou, em um diário publicado pelo Guardian.  Sem meias palavras, ele viu pornô no espaço.

E ele não foi o único. O americano Norm Thagard viveu numa base espacial russa durante missão em 1995 e contou, ao jornal americano Sentinel, lá ter encontrado uma coleção de filmes eróticos franceses e italianos. "Os longas tinham alguma nudez, nada extremo, não tinham cenas de sexo em si, mas não seria recomendável para menores". Lolita vai à lua?

No mesmo diário, Polyakov afirmou que o governo russo tentou lhe convencer a levar uma boneca inflável na bagagem, mas isso ele negou.

Outro compatriota, Aleksandr Laveykin, falou sobre o assunto em uma entrevista retratada no livro Packing for Mars, escrito por Mary Roach. "Todo mundo me pergunta como faço sexo no espaço. Com a mão, eu respondo!"

Prometheus

O sexo no espaço é inevitável. É quase que uma promessa da ciência. Seja na Lua, em Marte ou em uma galáxia muito, muito distante, a sexualidade é essencial para o ser humano. Se queremos explorar (e quem sabe colonizar) outras planetas, necessariamente, precisaremos do sexo.

Talvez esse sexo não seja tão sci-fi, como o que rolou no Foguete da Morte de Bond? Talvez. Mas com certeza o que pode ser apenas uma transa para o homem, será uma grande relação para a humanidade.

Sobre o Autor

Felipe Germano é jornalista que escreve sobre Comportamento Humano, Saúde, Tecnologia e Cultura Pop. Para encontrar as boas histórias que procura contar, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Trabalhou nas redações da rádio Jovem Pan, site Elástica, Revista Época e Revista Superinteressante - e agora colabora com o UOL.

Sobre o Blog

Sexo é o que há de mais antigo nesse planeta, e tecnologia nos traz o que há de mais moderno. Mesmo sem saber quem foi nosso antepassado mais antigo, dá para cravar: ele transava. Mas se engana quem acha que o sexo não mudou nada desde a primeira vez. A tecnologia evoluiu, e com ela nossos hábitos na cama (ou no chão, ou no celular...). Mas dá para juntar tudo, e divertir-se. Muito prazer, esse é o Sexting.