Em tempos de corona, clube de sexo de elite organiza orgias no Zoom
Felipe Germano
24/04/2020 04h00
Killing Kittens / Instagram
Reza a lenda que Stanley Kubrick morreu apenas cinco dias após finalizar o longa "De Olhos Bem Fechados", deixando a obra como seu legado. Por isso mesmo, convocou uma porção de cinéfilos ao cinema. Perder a peça final de um gigante? Impensável, certo? Pode até ser, mas o fato é que os fãs tiveram que dividir sala com um pessoal pouco interessado na sétima arte: o filme atraiu muita gente que queria ver uma sacanagem na telona. O longa fala sobre uma sociedade onde orgias são praticadas por mascarados. Com cenas relativamente explícitas, o filme foi suficiente para gerar no imaginário coletivo uma só pergunta: esse tipo de clube existe na vida real? Opa se existe! E em tempos de corona, você pode participar deles – via Zoom.
Quando falamos sobre clubes sexuais um dos que esteve em maior evidência na última década foi o Killing Kittens. Considerado um dos mais exclusivos clubinhos eróticos do planeta, o grupo organiza orgias nos EUA e na Europa há 15 anos. De lá para cá, conseguiu mais de 160 mil membros espalhados pelo mundo.
Com uma levada vitoriana, os membros costumam misturar máscaras com lingeries bordadas em cenários luxuosos. Dá para imaginar, então, como foi o evento em Veneza que aconteceu em meados de fevereiro. Provavelmente só menos incrível do que o fato de que, em menos de um mês, o mundo inteiro estaria tomado pelo coronavírus, cancelando as próximas festas.
A saída encontrada por sua fundadora, Emma Sayle, foi prática: as orgias continuariam acontecendo, mas dessa vez, o sexo seria digital. "Obviamente a orgia não acontece de forma física, mas é adulta, há muita nudez e roupas íntimas na tela. Pessoas se desafiando a fazer certas coisas umas com as outras", afirmou em entrevista ao site Insider.
Sayle começou a organizar videoconferências por meio do Zoom (plataforma de streaming que, vale ressaltar, já apresentou alguns problemas de segurança). Apesar da plataforma suportar até 1.000 participantes, as festas se limitam a 55 usuários por baguncinha. Todos se comunicando pelo chat da plataforma. A redução foi feita para que moderadores consigam monitorar com mais facilidade o que está rolando. "Aqui as mulheres mandam. E quanto mais respeitá-las, mais quentes as coisas podem ficar", diz Sayle no comunicado que todos os membros recebem ao se inscreverem no grupo.
"Pô, maravilha, onde que eu me inscrevo?", você pode estar pensando. Calma lá. Para participar das festas, é necessário desembolsar uma grana. Enquanto o convite para uma festa presencial, como a que rolou em Veneza, custa £ 250 (pesados R$ 1.690, aproximadamente) para casais e £ 50 (cerca de R$ 340) para mulheres solteiras – homens desacompanhados não são permitidos -, o valor foi bem reduzido para a brincadeira virtual. O convite para a orgia no Zoom sai por US$ 40 (em torno de R$ 220). Homens solteiros continuam proibidos de participar e casais devem permanecer sob a mesma câmera durante toda festa. Quem está interessado, basta fazer um rápido cadastro no site.
Se você não quiser gastar essa grana toda na festa, a plataforma também tem alguns conteúdos gratuitos. Palestras de cunho sexual estão sendo dadas para qualquer pessoa que estiver online de bobeira. Ontem, por exemplo, rolou uma discussão – e demonstração – sobre como a ciência encara o squirting (o ato que consiste em jatos de água saindo da vagina durante o sexo). No próximo dia 27, o tema será preliminares.
De uma forma ou de outra, não dá para dizer que você não tem mais o que assistir na quarentena. Pode ser mais educativo do que rever "La Casa de Papel", e com certeza é melhor do que "O Poço" – como última opção, tem um filme que causa tumulto há alguns anos: "De Olhos Bem Fechados", não sei se você já ouviu falar, é o último do Kubrick…
Sobre o Autor
Felipe Germano é jornalista que escreve sobre Comportamento Humano, Saúde, Tecnologia e Cultura Pop. Para encontrar as boas histórias que procura contar, atravessa o planeta: visitou de clubes de swing e banheiros do sexo paulistanos à sets de cinema hollywoodianos. Trabalhou nas redações da rádio Jovem Pan, site Elástica, Revista Época e Revista Superinteressante - e agora colabora com o UOL.
Sobre o Blog
Sexo é o que há de mais antigo nesse planeta, e tecnologia nos traz o que há de mais moderno. Mesmo sem saber quem foi nosso antepassado mais antigo, dá para cravar: ele transava. Mas se engana quem acha que o sexo não mudou nada desde a primeira vez. A tecnologia evoluiu, e com ela nossos hábitos na cama (ou no chão, ou no celular...). Mas dá para juntar tudo, e divertir-se. Muito prazer, esse é o Sexting.